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"A poesia não se entrega a quem a define"


Mário Quintana



quinta-feira, 3 de março de 2011

ENFIM, SÓS

Preciso administrar minha última dose de sofrimento
Acho que já cansei de lidar com períodos de abstinência
Tenho febre, preciso me curar
Já acinzentei a paisagem bucólica que enche de vida meu jardim
De cores, só minhas roupas se retorcendo sobre as folhas mortas
Sem corpo, sem vida, esperando a próxima crise
A cena ideal para o epitáfio perfeito:
AUSÊNCIA DE VIDA POR EXCESSO DE AMOR...
Depois de rastejar implorando pelo último gole de veneno
Descanso em meu leito de rosas secas cobertas de espinhos
A dose letal começa a transbordar dos poros em busca da escuridão
E um riso póstumo brinca de se esconder nas rugas tristes
De onde se esvai o derradeiro brilho do meu olhar
Dessa vez foi suficiente
O frio começa a subir pelas veias, cobrindo de paz minha alma
Ouço o sussurro da morte entrando pela fresta de minha consciência
Preciso adormecer e deixá-la me possuir
Já não sinto meus dedos e meus pensamentos
Uma dormência mórbida percorre minha corrente sanguínea
Desligando meus últimos lampejos de ar
Um sobressalto, um grito e o nada
Enfim, sós

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