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"A poesia não se entrega a quem a define"


Mário Quintana



quinta-feira, 31 de março de 2011

O SONHO DA BAILARINA



Preciso de um palhaço
Que me faça ver a vida colorida
Que jogue o picadeiro aos meus pés
Que me faça estremecer com um breve sorriso
E nada mais terá valor ou nada me tocará mais a alma
Que os dedos alvos e divertidos do meu carinhoso palhaço
E nunca mais serei triste se ao menos ele me fitar com olhos ávidos
Se ao menos me enfeitiçar com o balé de suas encantadoras trapalhadas


Preciso de um mágico de sorrisos
Que me afogue em gostosas gargalhadas
Que me encha de prazer representando seu papel
Que percorra meu corpo com seu olhar ingênuo e doce
E lhe darei mais que a vida enquanto me tiver em seus braços
Quando, desengonçado, tropeçar e cair ajoelhado à minha frente
Dançarei com ele até minhas pernas se moldarem à forma do seu corpo
Se me hipnotizar com seus olhos úmidos, tirar sua máscara e me levar ao céu


DANIELA BARBOSA - 31/03/11

INACABADO


Nós dois, um café, nada mais
De tudo que poderia ser, caprichos de desencontros
Uma mesa e alguns papéis, pincéis e algum movimento
Um lençol para cobrir pudores, rimas, limpar a tinta e sufocar a vontade
Do toque que poderia ter ficado e se perdeu no vento
Das páginas nuas e inertes, apenas um abraço a preenchê-las
Nervosamente vazias de prosa, verso e sorriso
Inebriante e preciso, de copo a corpo
Deliciosa imperfeição, vício de bocas ansiosas
Bebendo poesia na fonte
Desejos esboçados a quatro mãos hesitantes
Rascunhos de um pseudoprazer quase sagrado
Quase profano 
Conversas inacabadas entre olhares famintos
Saboreados em doses quentes
De um amargante café